segunda-feira, 5 de maio de 2008

Gostaria muito de escrever sobre o que eu vi hoje. Mas o que eu vi foi tudo tão fugaz.

Como transformar tragédia em poesia? E sopro em vento?
Como arrancar esperança de um sarcasmo avassalador e injusto que ao mesmo tempo justifica a permanente história do caos - que, já não tem mais história?

Como eu vou escrever que aquele homem - que já não sai da minha cabeça, ao descer do Ônibus, riu severo e chorou gargalhando: humildemente, senhora - gemeu. "Vamos tomar sorvete porque só os americanos servem para trabalhar!"

Por que eu devo dizer algo mais que isso, senh=res?

Como EU posso sentir o bafo daquela pinga violentando o meu nariz? Por que EU fui escolhida para sentir isso sendo que eu não tenho ferramenta nem lápis?

Não é justo pra mim que não sou poeta. Não é justo pra mim ver os olhos vermelhos dele e não saber escrever sobre isso.Não é justo pra mim observar cada dedo cheio de calo, e cada unha cheia de graxa, e não saber escrever - mesmo não entendendo.

É injusto não ser poeta mas ter dois olhos e um coração.

Eu me sinto como se cada poro meu fosse afundar numa atmosfera de impotência.


É injusto não ser poeta.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Me dói dizer que você sempre foi um asno.

Na dúvida, procure um psicanalista.

Isso é um conto de 10 segundos.

- Como pude ser patética? Como pude ser submissa? Como pude me ausentar de mim nesse tempo todo?

A voz falava. Mas na verdade não era uma "voz", era um grito. Um grito que gemia em silêncio, no interior de cada pergaminho vivo de carne, célula, sangue e DNA transvertido naquela matéria: uma moça.

- Como pude?

Suplicava por respostas, nada vinha.

Um dia um alquimista descobriu, através da nobreza do fogo, que podia derreter bronze e prata.
Um dia a galáxia foi descoberta, assim como qual, cada estrela vista resumia-se, únicamente aqui na Terra, à milhares de anos luz.
Um dia um peixe precisou ser pescado para que a moral dos homens fosse elevada à Nível de um Deus tão incrédulo quanto os seus gejuns.
Um dia alguém precisou duvidar para compreendar que para tudo se há uma resposta, tão como, para cada resposta, existe, definitivamente, uma dúvida.

- Viagem para Paris! é elegante. Mas é tão fútil.

Um dia a necessidade em emancipar flores, foi tão divina quanto um sopro. Um dia alguém se perguntou: Por que? ou até mesmo, porque EU ?

Uma moça, um degrau, ou uma sacada. Tudo apontava ao suícido, mas o grito falava. O grito ecoava, e dizia "Futter selbst".

Futter selbst, Futter selbst. Oh Deus! Ela estava a um passo de descobrir que era linda, e que não precisava mais de marcas em seu corpo, nem de choques elétricos psicológicos e moralistas em sua Mente. Ela estava linda, precisava alimentar-se. Não mais se renderia, nem a salvação.


Tudo era um campo verde, úmido, com cheiro de terra: via-se plaquinhas e blocos brancos sobre ele.
Mas tudo era lindo: ela havia enterrado-se. Ou mais: ela havia enterrado o que haviam falado para ela o que ela era no mundo. E pronto: tudo era lindo.

Ela alimentou-se pela primeira vez. Ela sorriu. Ela viveu, ela vive.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Feche os olhos para pensar o quanto promiscua é a sua mente. E perdoe-te por ser fraco, e religioso.Você esteve o tempo todo tentando concertar as coisas de forma errada.Não havia nenhum anjo ali. Nem mesmo o mal.Tudo era uma questão de singularidade, de amadurecimento.E as coisas parecem tão óbvias agora que a sua falta de sabedoria te impulssionou ao meu ódio de mim.Porém, as coisas tornam-se cada vez mais saborosas. Assim como eu chupo balas de cactos, pensando ser halls.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Uma vez eu disse a um pássaro: Voa porque você é um animal.
Outra vez eu confessei ao meu ego: fuja antes que o seu ego te prenda.

A lógica justifica sempre o que é plausível. Subverte, e produz velharias e penhascos de molhos de chaves com chaveiros de dentes de elevantes. Até caixinhas de lápis de cor transforma o mundo.

Se o seu mundo for um papel, nada do que é mutável estabelece uma ordem, nem mesmo o tempo.